Desde sempre que me ensinaram que "nós vimos da água". Recordava as palavras. Que "nascemos, crescemos com água". Recordava essa palavra e o que significava. Não só o recurso mais importante e necessário para o sustento da vida humana mas um sinónimo material de vida. Avistei no jornal pousado num banco que esperava o comboio, "Privatização das Águas de Portugal". Não o quis pensar, para não ter de realizar o que é um país em que tudo tem um preço, e nada escapa ao verbo: Vender.
Nas sociedades modernas, as fontes de água consumível costumam encontrar-se longe dos sítios urbanizados. Já os romanos o tinham feito. Entre as reservas e as cidades, o que as une são por vezes complexas redes de distribuição, a que todos temos acesso desde que abrimos a torneira.
As redes de distribuição de água funcionam como artérias essenciais à vida de uma comunidade geograficamente localizada e delimitada por preceitos jurídico-territoriais, denominadas por fronteiras. Quem é dono da distribuição, é dono deste bem essencial, e dono da vida dos outros.
Quem controla este recurso tem um enorme poder sobre os cidadãos. Quem o não vê?
Muitos de nós já o sabem, a distribuição de águas vai ser privatizada. Os jornais já o anunciaram.Passos Coelho o menino bonito da HLC. Grupo económico que actua principalmente em sectores como saúde, tratamento de águas, lixo e construção civil. Do qual faz parte Ângelo Correia entre outros nomes de incautos senhores do empresarismo mais seboso, retrogrado e rentista.
Parecem já estar a preparar para tomar de assalto este património de todos e a que todos pertence.
É também triste ver que o nosso jornalismo medíocre, ainda nem sequer pôs a questão. Nem sequer se deu ao luxo de investigar esta relação promiscua entre este Governo e a HLC. Ainda mais triste é perceber que os cidadãos não percebem estas jogadas de bastidores, feitas a céu aberto, ou pelo menos não o querem saber.
Parece que a coligação não é só PSD/CDS, mas mais propriamente PSD/CDS/HLC.
É altura de se mobilizar a sociedade civil para este combate contra a privatização das águas. Para relembrar a alguns senhores, de que o verbo "vender", é redutor do conceito de cidadania e humanidade.
Pois eu não me esqueço daquelas palavras.
"Nós vimos da água"
+ informações: http://www.hlceh.com/about/track_record.html
